11 de fevereiro de 2010

Escute o meu silêncio...




Eu não sou de vomitar. Não sei se é físico ou psicológico. Só sei que quando eu regurgito é porque a coisa tá feia. O fato é que eu não gosto, não consigo e quando acontece eu fico meio assustado. É raro. Aconteceu umas três ou quatro vezes. Talvez essa seja a quinta. A quinta vez em vinte e três anos. O motivo dessa? Uma mentira com várias mentirinhas dentro. Tipo um gatinho esperando filhotinhos. E o gatinho pariu. Digamos que eu sou amigo de quem tece as redes do destino. Ele sempre sopra no meu ouvido algumas coisas que eu devo dar atenção. Tem gente que chama de sexto sentido, eu chamo de "faro".

Eu tenho faro, pode até pensar que eu sou cachorro, mas eu tenho faro. Se eu desconfio de algo ou alguém pode saber que boa coisa não vem por aí. E eu sempre desconfiei de algumas pessoas e o meu faro nunca falhou. Graças a Deus! Às vezes eu até preferia não tê-lo, mas logo volto atrás e agradeço por ter esse dom. Para mim é dom, para os que mentem para mim é um grande algoz. E esse algoz é implacável. Ele não descansa enquanto não descobre a verdade. E é involuntário. Eu não preciso fazer muita coisa para descobrir. É tudo bem simples: fica tudo preparado para mim, eu só pego e executo o serviço.

Vou explicar tudo, ok? Eu não tolero mentiras num relacionamento. Em nenhum grau: nem mentirinha, mentira, mentirão, mentirazinha, nada, nenhum tipo eu suporto. E o pior é quando o meu sexto sentido manda eu perguntar se é verdade ou mentira e a resposta é contrária à verdade, ao que deveria ser dito, ao correto a se dizer (ou fazer). Nunca minta para o Diego. Nunca mesmo. Ele não se dá bem com mentiras e muito menos com o tal do perdão. Ele nunca foi bom nisso. A mentira desencadeia uma reação quase que alérgica no Diego. Ele começa a ter náuseas, insônia, não consegue comer direito (come forçado porque sabe que precisa continuar vivo). Dessa vez o Diego até vomitou. Mas o perdão é um velho desconhecido desse cara aqui. Ele não tolera. Nunca tolerou. Ninguém nunca teve uma segunda chance com ele. NUNCA! Ele sempre foi implacável. Dessa vez ele vai tentar. Ele quer tentar e quer confiar que tudo não passou de uma falta de coragem, de hombridade, de dignidade. Ele quer acreditar que foi um desvio, alguma coisa que aconteceu por negligência ou falta de tempo ou vontade de manter o seu status. Status para o Diego é a mesma coisa que nada. Fodam-se (desculpem-me os moralistas de plantão) os números, as quantidades exorbitantes, os excessos. Fodam-se! O Diego é diferente... acho até que ele é de outro planeta.

Números. O Diego não é ligado a números. Para ele tanto faz se ele tem vinte e sete ou sete amigos. O que importa para ele é se esses sete amigos são amigos de verdade, amigos do peito ou colegas de faculdade, de copo, de vida. O importante é que esses amigos não tem liberdade suficiente para te convidar para uma orgia virtual ou de fato, para uma cantadinha boba ou uma cantadona bem séria, não tem liberdade para chamar de gatinho-lindo-meu-bebê-sulista-te-amo-e-tô-com-saudades. O Diego se entrega e leva a sério. Ele respeita e sempre vai respeitar. Ele já sentiu a dor de uma traição batendo forte e socando no peito e ele não deseja essa dor nem para um sapo (que ele detesta), quiçá para uma pessoa que ele tanto ama.

Traição é esconder, omitir, mentir sobre alguma coisa que tenha acontecido. É levar adiante uma situação que poderia ter sido resolvida com atitudes bem simples. A meu ver essas atitudes são simples, mas talvez não seja para todo mundo. Para mim é fácil me desfazer dos laços que me prendiam a determinadas pessoas no passado. Eu vivo o presente. E é ao presente que eu me dedico de corpo e alma. É só isso que eu peço: honestidade. Acima de tudo, honestidade. Quando eu te perguntar quem é fulano, diga quem é o fulano. Não me dê rótulos e muito menos me diga que é seu amigo se o fulano já teve liberdade para falar coisas bem íntimas com você.

Eu vou tentar. Eu estou tentando e só Deus sabe o quanto tem sido difícil para mim. O amor que eu tenho no peito é tão grande que parece que o corte foi bem maior do que se pode imaginar. Está tudo arrebentado aqui dentro e eu estou correndo contra o tempo para tentar me recompor, juntar os pedaços, fazer sumir a sujeira que foi feita aqui dentro. Ah, meu coração! Ele é tão sensível e tem tanto amor. Pode parecer presunçoso da minha parte, mas eu não acredito merecer uma coisa desse tipo. Eu digo "desse tipo" porque é uma coisa banal, uma coisa que seria facilmente eliminada antes de explodir, uma coisa que eu esperava que tivesse sido feita com espontaneidade e logo de cara. Para que fim esperar e manter esse tipo de gente junto a você? Para que fim mentir até o último instante sobre idoneidade de determinada "amizade"?

Tá no Aurélio Digital que eu tenho aqui no computador:

amizade

[Do lat. vulg. *amicitate.]
Substantivo feminino.

1.
Sentimento fiel de afeição, simpatia, estima ou ternura entre pessoas que não são ligadas por laços de família ou por atração sexual;
2.Estima, simpatia ou camaradagem entre grupos ou entidades;
3.
Vinculação de caráter exclusivamente social.

Viu só? Deu pra entender o sentido da palavra "amizade"?
Amigo é isso aí e o resto não me interessa saber. O resto se joga no lixo e de lá não deve sair.

Enquanto isso eu fico aqui, no meu silêncio ensurdecedor e escandaloso, esperando, torcendo e rezando para toda essa mágoa se dissipar bem rápido. Porque eu sou do bem e gosto de ser assim, por mais que isso me doa às vezes, por mais que isso me faça sofrer, por mais que isso não me deixe agir nas horas em que eu sinto que deva agir. E eu só peço calma... porque eu estou me reconstruindo e isso não acontece da noite para o dia.


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