27 de maio de 2011

Resistir!





É quando os velhos se fazem estranhos e os tão mais novos se mostram antigos conhecidos. Tem gente que se perde no caminho, mas o bom é o que a gente encontra esquecido por aí. Novos corações, novas cabeças, novos sentimentos. Mais do mesmo. Só que com uma roupinha xadrez diferente daquele tubinho preto que não te serve mais...
É quando você percebe que muito do que se viveu conseguiu ser superado por aventuras maravilhosas no fantasioso país das maravilhas e aquilo que tanto importava se tornou lugar-comum na vida de quem outrora se amou. É quando toda a culpa desse desgarrar recai toda sobre as suas cansadas costas. Será que você pagará o preço pelo tanto que se amou? Será que tudo será sempre dessa forma? Será esse eterno recomeçar? 
É quando o cigarro não te satisfaz, a vodka te faz esquecer do próprio nome, as músicas já não falam tanto assim sobre você e as luzes já perderem todo aquele brilho de encantamento. É quando você se sente oculto em si mesmo e tenta gritar por socorro dentro de um poço escuro e úmido. De olho em você, paranoico, prenda-me. Faça de seu legado de euforia minha alegria por um segundo. De quem é toda essa culpa que trazemos entre nós? De quem será a conta no final disso tudo? Por que se perder? Por que nos prender? Por que motivo só o seu mundinho é o mundo correto de se viver. Pagamos o alto preço de nossas escolhas e, no fim das contas, percebemos que o déficit que você imaginava irrisório é, na verdade, muito maior do que você pensou que seria. 
É quando palavras sem sentido algum começam a saltar da ponta dos seus dedos e se jogam nesse precipício branco com bolinhas pretas. Pecados, angústias, medo. Medo da perda certa. Essa perda que você vê, acredita que está vendo, acredita que é real e que, ainda assim, é camuflada pela alegria de algumas poucas palavras. É quando você é acusado de substituir certos conceitos e padrões quando a realidade é outra: você e seu mundinho imutável foram substituídos pela ganância do ter mais do que poder. 
É nesse meio tempo que você enxerga o brilho no olhar daquele antigo novo amigo, aquele te acolheu no momento do abandono absoluto e te deu um colo estranho, diferente dos que você já conheceu. Um colinho quente, ainda magro de você, ainda fraco de convivência. É esse o colo que te acolheu e no momento em que você mais precisou. É esse colo que você deve valorizar. É dele que você precisa para se reerguer a cada queda, a cada espinho da sua flor. É esse amigo-ombro que te faz seguir em frente, que te emociona com seu jeito estupendamente desaforado. É esse amigo que te escancara as portas mundo afora. É esse amigo que te acolheu quando você se sentiu jogado fora, excluído, fora do "grupinho". É esse amigo que viu a sua essência e quis te aceitar. É, sem sombra de dúvida, esse amigo que te viu verdadeiramente. A distância não separa ninguém. Os valores sim.
 
 
 
 

23 de maio de 2011

Forças e fraquezas








Eu queria escrever um texto triste, que mostrasse toda uma melancolia e um desespero intenso de uma vida que, talvez, ainda não tenha alcançado seu objetivo. Infelizmente, ou felizmente, não tenho coragem de fazer isso. Não tenho coragem de me abrir e dizer certas coisas que eu precisaria dizer caso quisesse ficar um pouco mais leve. Talvez seja esse o motivo dessa minha ausência aqui no blog nesses dezessete dias. Nesses dias muitos textos foram escritos dentro de mim. Muitas frases de impacto, muitos parágrafos, muitas discordâncias e muitas concordâncias, muita vida. Tenho vivido intensamente e de uma forma onde o aprendizado vem se fazendo uma constante. Não tenho nem como contabilizar toda a experiência de vida que acumulei nesse curto período de tempo. E isso é bom, não posso reclamar.


O que eu penso é a seguinte: tristeza rima com poesia. E quem é que não quer poesia? Todo mundo fica se imaginando numa cena paradisíaca num inverno de Paris. Todo mundo fica querendo um mundo melhor e uma cidade mais bonita de se ver. Todo mundo quer te ver rimando tristeza com poesia. Todo mundo te acha forte, irreverente, de bem com a vida e cheio de amigos/amados que fazem de tudo por você. Ledo engano. Nunca vivi esse conto de fadas e também, depois de tantos desencontros, nunca desejei viver dessa forma. Sempre fui do tipo independente, que faz todos os trabalhos escolares com o maior empenho e dedicação (o que durou até a faculdade, resultando numa monografia perfeita, de 150 páginas e uma placa de honra ao mérito), que lava a própria cueca (e todo o resto das próprias roupas), que sabe cozinhar, arrumar a casa, lavar a privada e limpar a sujeira de muita gente por aí. Sou desse tipo: nunca gostei de futebol e nunca soube debater sobre o tema, nunca fui a pessoa que vai apenas balançar a cabeça e dizer "sim, senhor" (eu sempre vou expor a minha opinião, fique certo disso), nunca fui e nunca vou ser a pessoa que todos os babacas querem que eu seja. Eu não vou dizer "sim" para você caso esteja tudo uma merda. Esse não sou eu.


Eu sou aquele se faz de forte, que mostra os dentes e agarra a vida com todas as unhas possíveis, que faz você sentir raiva e, logo em seguida, amor. Eu sou esse, que vai te fazer sentir um turbilhão de emoções em menos de trinta segundos. Mas não me peça para não desanimar. Me desanimo, sim! Fico muito desanimado muitas vezes. Choro lágrimas contidas dentro do meu peito, me desespero, me rasgo inteiro. Esse sou eu. Falo. Falo, falo, falo. Falo merda, faço elogios, te derrubo com um lance de olhar. Mas não coloque maldade nas minhas ações. Não pense em mim como seu inimigo, pois eu não o sou. Sou forte o bastante para reprimir todos os meus desejos mais lindos, mas não me peça para ficar feliz quando você pensa que eu sou o mais cruel dentre todos os seres vivos. Crueldade é uma palavra que não cabe na minha cabeceira. 


Não quero prioridades ou regalias, tudo o que eu te peço aqui, meus caros amigos, é o seguinte: não interpretem o que eu digo como se fosse um apedrejamento. Não transformem minhas palavras em navalhadas profundas e doloridas. Não me machuquem. Não façam de mim o crucificado que vocês precisam para continuar vivendo. Não sou a sua fortaleza, não sou o exemplo a ser seguido, não sou isso tudo que vocês querem que eu seja. Eu sou apenas um eu que quer ser feliz, numa casinha pequena e bonita, com o amor da minha vida, minha plantação de pimentas, meus Sansão e minha Mulher Maravilha. Quero minha família feliz e orgulhosa de mim. Quero tudo o que eu já tenho e um pouquinho mais, porém de um jeitinho todo meu e bem mais colorido. Eu quero ser realmente livre de qualquer obrigação existencial que parta do princípio da perfeição. Eu não sou perfeito e você também não é. Como diria minha amiga Déborah Hernandes: "na vida, carregamos nossas qualidades num saco à nossa frente e nossos defeitos em outro saco às nossas costas. Em fila indiana, você só vê meus defeitos". Acredito que tem muita gente precisando olhar bem de frente para mim antes de tirar qualquer conclusão. Isso sim é respeito.








Existe um Judas dentro de cada um de nós. 
Sem ele não teríamos a exata noção do que signifca o amor
que trazemos no peito, que é Jesus Cristo.
Faça como Ele, perdoe o seu Judas! 










Esse texto jogou pra página seguinte um texto que foi muito importante para mim.
Só pra eu não me esquecer dele, tem o link aqui!




Update: eu não tinha me dado conta da data, mas 23 de maio é um dia incomum e muito especial na minha vida. Só pra registrar.

 

6 de maio de 2011

Libertação








Sinto que estamos caminhando rumo à uma liberdade definitiva em relação aos nossos direitos, valores e, principalmente, nossa própria consciência. Muitos vão discordar, outros vão comentar aqui dizendo o contrário, mas no fundo, bem lá no fundo, somos todos preconceituosos e precisamos (urgentemente) rever tudo isso. O Brasil, um país completamente miscigenado e hipócrita, viveu anos sob a luz de um conservadorismo exacerbado e caótico. Isso está mudando sim e vai mudar muito mais. A nova sociedade que está sendo "filtrada" e "lapidada" pelas nossas mãos tende a uma democracia mais humana e justa. Uma democracia que não vai mais conseguir julgar uma pessoa pela cor da pele, religião, orientação sexual ou qualquer outro artifício que é tão amplamente utilizado nos tempos de hoje.



Muito bem, meus caros, mais uma vitória para nós. Me sinto lisonjeado de poder participar disso tudo e estar presente nessa era de transformações e eliminação de reticências. Somos tão civis quanto qualquer outro casal heterossexual e merecemos esse reconhecimento legal. Claro que, para muitos casais homossexuais, o resultado dessa votação significa a confirmação no papel de relacionametos que já duram anos. Isso servirá para ratificar e alegrar a todos aqueles que, assim como eu, gostariam de ter um documento que comprove uma relação estável. Estável e feliz, mas o feliz fica por conta do sentimento e não do papel.



Eu desejo que essa nova sociedade multipluralizada que está nascendo possa vir cheia de tolerância, respeito e muita dignidade. Que os corações dos novos seres humanos venham cheios de muito desejo de prosperar aquilo que está sendo construído a duras penas. Que eles reconheçam nosso esforço e que a semente do mal nunca mais brote entre nossos dourados campos de trigo. A minha alegria é poder aprender a deixar pra trás todo esse preconceito que nos foi ensinado desde sempre. A minha alegria é poder trabalhar em busca do esquecimento dessa era de horrores que vivemos até hoje. Só quem faz parte do grupo dos excluídos pela sociedade hetero-magra-linda-normativa sabe dos horrores pelos quais passamos todos os dias, velada e abertamente.



Hoje não é um dia ensolarado qualquer. Hoje é o dia em que dez, eu disse dez, parlamentares participaram de uma votação unânime que definiu um novo rumo para as relações humanas. Não sei se eles tem plena consciência do que fizeram, mas quero desejar as melhores energias a todos eles. Eles fizeram muito bem não só aos casais homossexuais. Eles fizeram bem a eles mesmos, aos filhos deles, aos netos e a todos os que estão vivendo sob essa atmosfera bem menos carregada de ódio e intolerância. Que dia tão feliz estamos vivendo! Espero que todos possam se solidarizar com essa alegria e busquem entender esse sentimento de contentamento contentíssimo e super aguardado. Estamos diante de um novo amanhecer, meus amigos, e isso é muito bom de se ver.



"Uma sociedade decente é uma sociedade 
que não humilha seus integrantes."
Ministra Ellen Gracie





PARABÉNS A TODOS NÓS!







Já pode casar no papel?
#RodrigoScheerdigaSIM!




4 de maio de 2011

Domingo é dia delas!








 




Domingo é dia de quem te esperou com a maior ansiedade e alegria. Domingo é dia de quem adorou te segurar nos braços pela primeira vez e que, ao sentir aquele amor, jurou pra si mesma toda proteção do mundo àquele pequeno ser humano. É dia de quem se preocupou com o seu primeiro banho, de quem sempre achava a água um pouco fria demais pra você, de quem corria e te secava o mais rápido possível. Domingo é dia de quem te segurou pela mão e te ensinou a caminhar. É dia de quem passou noites em claro cuidando da sua febre. É dia de quem te ensinou a jogar o dente de leite no telhado. É dia de quem nunca se cansa de te fazer comer bem. É dia de quem te ensinou a respeitar o seu semelhante. Domingo é dia de quem achou forças não se sabe onde para conseguir deixar você na escola em seu primeiro dia de aula. É dia de quem amou colecionar desenhos sem pé nem cabeça como se fossem uma pintura de Picasso. Domingo é dia de quem enlouqueceu quando você partiu a testa ao meio brincando de He Man. É dia de quem vibrou ao ler aquele “Eu te amo” todo torto e sem jeito, mas que mesmo assim se debulhou nas mais lindas lágrimas de felicidade e orgulho. Domingo é dia de quem morreu de preocupação quando você quis ficar um pouco mais na festa de sábado. É dia de quem não consegue parar de se preocupar até hoje. Domingo é dia de quem não sabe te dizer “não”. É dia de quem nunca teve vaidade, de quem se dedicou a você, de quem só sabe te amar. Domingo é dia de uma mulher como poucas. É dia de quem morreu de orgulho na sua formatura e não parava de bater no peito e gritar “Esse é o meu filho!” enquanto você recebia as homenagens de melhor aluno do curso e melhor monografia. Domingo é dia de quem te provoca, que fala bobagens com você, que te entende do jeitinho que você é. Domingo é dia dela – da única mulher que você ama de verdade. É dia de quem sente saudades de você mesmo antes de você virar a esquina. É dia de quem briga por você e que te defende com unhas afiadas e dentes pontiagudos. É dia de quem se machuca por você. Domingo é dia de quem não esquece o momento  em que você nasceu e faz questão de contar, cheia de satisfação, esse maravilhoso fato a todos. Domingo é dia de quem sabe consolar, proteger, amar. Domingo é dia de quem se arrumou e se maquiou toda e que, no momento mais importante, desabou em lágrimas ao perceber que você cresceu e que está construindo uma nova família. É dia de quem sempre esteve e sempre estará presente em todos os momentos de sua vida. Domingo é dia daquela mulher de aço, abnegada, que se esquece dos próprios sonhos e desejos para dar vida e luz a todos os seus. É dia daquela que não tem vaidades e que não mede esforços para te fazer a pessoa mais feliz desse mundo. Domingo é dia de quem te perdoa de coração aberto e o mais largo sorriso. É dia de quem sorri com a alma. Domingo é dia de quem espera sua visita todas as tardes, que faz aquele bolo que você ama, que cuida das coisas que você fez por ela como se fossem um tesouro. Domingo é dia de quem vibrou com a notícia de seu primeiro filho. É dia de quem, mesmo de longe, quis estar ali por você. Domingo é dia de quem se emocionou ao ver seu primeiro neto nascer e que, naquele momento, se lembrou de tudo aquilo que viveu e percebeu que estava pronta e que tinha muita força para ser tudo de novo.


 
Mãe, todo dia é o seu dia!







Feliz Dia das Mães a todas essas deusas 
que auxiliam o trabalho de Deus!