8 de novembro de 2010

Sobre normalidade



Eu realmente queria ser normal e sei que não sou e que nunca serei. E isso está me fazendo pensar de uma forma diferente. Na vida, nos amigos, na família, em tudo aquilo que eu sempre acreditei que fosse o normal. Ultimamente isso tem me feito pensar bastante na verdade. 


É estranho ver que todos te acham o cara mais legal e cool e descolado e cheio de amigos e com um amor incrível no peito e um garoto legal a quem amar e blá blá blá, mas que no fundo todo mundo quer mesmo é te fuder. É isso aí. Não me venham com churumelas. Todo mundo começa a te olhar diferente só porque o seu jeito de amar inclui bombons, flores e uma boa dose de contravenção. Parece que o mundo inteiro está flertando com você, ao mesmo tempo, numa balada muito louca e meio non sense. Você começa a se sentir atraente, espetacular e com um gostinho de tangerina fresca na boca. Ou seria só a sua imaginação.


Isso acontece porque você realmente é assim e o mundo inteiro realmente tem muito o que aprender com você. O problema é que às vezes você tem um amor incrível e um garoto legal a quem você chama de seu. O problema é que você é feliz independente das dores que você está sentindo hoje. Quem não sente alguma dor? Isso vai passar. É o que eu digo para mim todos os dias. O problema é que você é lindo e isso não é fruto da genética maravilhosa que você tem. Isso é fruto dos amores que você traz consigo dentro da alma. Isso é fruto do jeito estranho e diferente que só você tem de cultivar os melhores sentimentos que você encontra pela estrada. Isso só você tem. É seu.


Você sabe exatamente quem você quer te leve pra cama e te dê uns bons amassos numa tarde chuvosa de domingo. Você sabe que sua mãe está bem e que você não é a decepção da vida dela só porque a sociedade a fez pensar de acordo com um bando de regras e parâmetros inúteis e obsoletos. Você sabe que seu pai sente orgulho de você, apesar dele não falar muito. É o jeito dele. Você tem o seu jeito e tem que respeitar o dos outros. Você sabe que vai ser lindo quando você estiver tocando violão maravilhosamente bem e seu irmão vai ficar feliz por ter te ensinado tudo direitinho. Você se dedica e é recompensado. A vida é exatamente assim. Ela te cobra o melhor e você sofre por isso na grande maioria das vezes. Mas isso é bom. É crescimento. Você verá que isso vai te dar força. Uma força tão incrível que vai te puxar do fundo de qualquer poço que você cair ou que, por desventura, alguém consiga te jogar.


Eu realmente queria ser normal. Mas eu queria ser normal bem assim, do meu jeito, com as minhas coisas e manias. São elas que me tornam esse ser humano radiante e que tem plena consciência de que precisa lutar sempre para continuar vivo. A vida nos ensina muita coisa, mas nós também ensinamos muitas coisas a ela. Muitas pessoas nos olham, gente que você nem imagina que exista, gente que você não acredita que existe e gente que você sabe que existe, mas que nunca quis fazer a diferença e se mostrar viva. Eu sou de um tipo de gente diferente. Você tem o seu tipo, ele tem o dele e ela tem o dela. Cada um é de um jeito e não adianta lutar contra isso. Somos todos diferentes e não somos normais, graças a Deus. Somos fruto de um trabalho intenso. Aprendemos a andar, a falar, sofremos com o nascimento dos dentes, depois os perdemos e depois os ganhamos de novo e, nesse meio tempo, enfrentamos tempestades, medo do bicho-papão, enfrentamos a vida e, quando menos esperamos, a vida nos encanta e nos mostra que existe ainda muita coisa a se aprender sobre ela. E você só vai conseguir aprender alguma coisa se for exatamente como ela é: um ser completamente normal dentro de toda essa anormalidade rotativa.





Ao som de Closing Time, da Semisonic, aprendi.





Quem gostou da música e quiser baixar é só clicar aqui embaixo.








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