11 de julho de 2011

Poço dos desejos











Eu preciso, eu quero, eu necessito. Será? Será mesmo? A gente precisa mesmo de tanta coisa assim? Explicações, justificativas, remorsos, contusões e quedas - tudo isso move um grande exército dentro desse nosso tumultuado coração. A vida, vezenquando, dá uma pisoteada na auto-estima da gente, mas isso é natural. É quase um teste dizendo para você: "ei, você é melhor que isso, levanta aí, vai à luta, se joga". E, depois disso, conta pra mim o que te faz ser assim? Tem jeito? É falta de alguma coisa material, de amor, de carinho. É carência? É pura pirraça? Manha? Ciuminho? O fato é que existem momentos em que essa auto-aceitação é o primeiro passo para deixar para trás velhos costumes e hábitos e seguir em frente. 



Sempre nos preocupamos com o passado, com o que ficou pelo caminho, com o que sobrou. O passado, de forma alguma, não deve ser motivo de vergonha ou desconforto quando, no presente, tudo já está diferente do que era. A mudança faz parte do caminhar e a vida é essa eterna metamorfose. De lagarta, nos transformamos em casulo para poder alcançar a plenitude da borboleta. Assim é a vida, muitas vezes queremos esconder a nossa fase não-tão-bonita-quanto-os-contos-de-fadas pregam por aí e fingir que fomos apenas casulo e borboleta. O aprendizado não deve ser motivo de vergonha, repito.



A gente fica se cobrando soluções, respostas e avaliações positivas sobre a vida, sobre o amor. Os caminhos são sempre os mais cheios de pedras até alcançar o topo da montanha. A vida, esburacada, te joga em muitas armadilhas. O coração, na maioria das vezes, cai em todas as armadilhas. A liberdade é algo que bagunça tanto que a gente acaba preferindo a velha e tradicional casa arrumadinha. Somos preguiçosos e não gostamos da mudança. Mesmo que você não troque de casa, de amor, de amigo, de sapato, a mudança deve ser presença na sua vida. Mudar faz a raiz se fortalecer, os laços ficam mais bem acabados, o pacote fica lindo no fim das contas. E se não ficar? E se der errado? E se... Chega de tanto "e se?". Arricar-se é cada vez mais um tarefa difícil de ser executada. 



Queremos, a todo custo, esquecer e apagar a vida que se viveu. Pedimos aos céus que nossos desejos sejam atendidos. Desejamos jogar uma moedinha antiga num poço dos desejos e ver todos os problemas cotidianos desaparecerem como em um passe de mágica. Ledo engano. Somos fadados à decepção quando tentamos ser o que não podemos, quando julgamos os outros pelo que eles foram, quando não perdoamos e aceitamos as diferenças. Uma relação saudável se faz pelo carinho de ver a pessoa amada dormindo, pelo prazer de buscar um pão na padaria para o café da manhã, pela construção de uma intimidade forte e cheia de empatia. O poço dos desejos só deve ser alcançado quando soubermos o nosso verdadeiro objetivo. Não posso simplesmente querer chegar a qualquer poço dos desejos e fazer qualquer pedido. Tem que ser o meu poço dos desejos e o meu verdadeiro desejo. Tem que ser tudo meu e tudo muito consciente.



Tem gente que passa a vida inteira tentando apagar o passado do companheiro, esquecer, anular. Tudo o que foi vivido (por ambos) preparou o casal para viver o relacionamento que eles têm hoje. As cicatrizes, as marcas, as veias que saltam no pescoço nos momentos de fúria e as belas coisas vividas também são parte importante do passado. Porém, não é o passado que está em andamento, mas sim o presente. Não queira ser a pessoa que ele (ou ela) amou. Queira - e seja - a pessoa que ela ama hoje, a que ela escolheu amar. Não queira ser o amor que não deu certo, motivo pelo qual faz parte do passado. Queira ser o amor certo, o que deu certo. Quando decidir chegar ao seu poço dos desejos, não leve moedinhas ou incertezas. Leve seu objetivo e sua verdade.




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