24 de janeiro de 2011

Férias e outras delícias!









Lembro que, quando a gente voltava das férias escolares, a professora sempre pedia para cada aluno fazer uma redação dizendo como foram suas férias. Eu achava um grande barato fazer isso. Contar para todos os coleguinhas como foram as minhas férias e me gabar de tudo o que eu tinha feito era uma grande diversão. Quero fazer isso agora, de novo, com vocês. Só não vou me gabar (tanto), ok?


Ai a viagem é bem longa. Longa mesmo. Mais de mil e oitocentos quilômetros de puro asfalto, paradas, algumas dores no corpo e muito cansaço. Eu podia cansar vocês contando tudo o que a gente sente numa viagem tão longa assim, mas acho melhor pular para as partes legais. Primeiro tem as paradinhas maravilhosas onde você come um pão-de-queijo recheado incrivelmente indescritível. Eu, confesso, não sei contar de quantos recheios eu comi. Depois vem um doce de nata bem cremoso e maravilhoso. Teve também um bolo de milho com amendoim que, no sul de Minas, é conhecido pelo sugestivo nome de pau-a-pique. Esse bolinho é feito de uma massa mais consistente e assado na folha da bananeira em um forno de pedra. Acho digno.


Teve, ainda, as delícias da minha mãe: bolo salgado de frango (que eu amo), bolo doce, biscoitinhos e outros mais. Asfalto, poeira, chuva, sol e uma marquinha de sol bem marota no braço esquerdo. O Rodrigo tem a marquinha marota no braço direito. Resumindo: água, calor, água, volante, estrada, água, asfalto, muita disposição e vontade de fazer o amor da sua vida uma pessoa mais feliz ao rever a família após um ano afastados. Dois dias de viagem e uma pousada um tanto quanto inusitada. Em São Paulo, numa cidadezinha bem pequena chamada Espírito Santo do Turvo, um letreiro verde escrito “hotel”.


Paramos para dormir e, numa daquelas coincidências incríveis da vida, fomos apresentados à dona do hotel/pousada/pensão. Maria é o seu nome. Uma senhora de pouco mais de cinquenta anos, um busto enorme e uma simpatia maior ainda. Paulista? Não. Mineira. Nascida em Muriaé, cidadezinha próxima à minha cidade, veio para São Paulo ainda jovem e por lá se estabeleceu. Mãe de alguns filhos e fã da novela Passione, Maria nos apresentou os quartos falando em italiano. Confesso que não tenho muita paciência para essas coisas infantis, mas ela nos alegrou e me fez rir bastante daquela situação italiana (minha descendência) barra brasileira (minha nacionalidade). A jovem e robusta senhora, além de mineira, era costureira. Isso já faz com que ela ganhe pontos na escala de serviços interessantes. O hotel, acredite ou não, estava localizado na rua Paraná, terra do meu marido. Pense nas coincidências: um hotel no meio de São Paulo, cuja dona é mineira e que mora e tem seu hotel na rua Paraná, nosso destino. Eu mineiro, o Rodrigo paranaense e encontramos o hotel de uma mineira numa rua que leva o nome do Estado brasileiro onde ele nasceu. Enfim, eu acredito em coincidências e acredito, ainda mais, que sempre vai existir uma boa Maria, em todo lugar, para ajudar. Ajudar sem medida.


Seguimos viagem e, depois de algumas cansativas horas, chegamos à casa da sogra. Eu acho sempre linda a nossa chegada. Minha sogra corre para abraçar o filho, que esteve longe por um ano, e se emociona como toda boa mãe cheia de saudade. Os dias seguem-se com a mesma emoção e a minha vontade de que eles se aproveitem ao máximo. Gostaria que eles se aproveitassem mais, confesso. Mas eles fazem tudo do jeitinho deles e, acredito eu, que se aproveitam da melhor forma que podem.


O lugar onde passamos as férias é, no mínimo, encantador. Muitas árvores, ar puro e comida bem gostosa. Gosto de acordar e ver o quão diferente é o lugar onde fui parar. As pessoas têm um sotaque diferente, uma cor diferente, olhos diferentes, mas um coração próximo ao de todos nós. Graças a Deus. São bem polacos, como são chamados. Loiros, em sua maioria. Olhos bem azuis, em sua maioria. Brancos, muito brancos. O clima é ameno, com chuvas e muito frio em determinadas épocas. O sol que eles chamam de quente, em Minas, é um sol bem fraquinho e faceiro. E um fato interessante é que lá venta, venta bastante. E isso é ótimo!


Entre visitas de parentes e visitas turísticas pela cidade, encontramos coisas e pessoas muito interessantes e igualmente encantadoras. A comida é diferente da de Minas Gerais – muita cebola, pouco alho, muita verdura e legumes, muito (eu disse muito mesmo) pouco queijo. Quase nada de queijo. Situação que eu resolvi logo nas primeiras compras no supermercado. Mas acredite: o queijo deles não chega nem perto do nosso queijo. Porém, precisamos experimentar sempre. O forte deles é carne. Muita carne. De todos os tipos, tamanhos e origem. Churrasco é o forte do povo daqui e, se nós podemos dizer que temos o melhor queijo, eles podem dizer que tem o melhor churrasco. Até o cheiro é diferente. Aliás, só posso dar testemunho do cheiro, tamanho e aparência. Não como churrasco (e nem carne alguma) nem aqui e nem em Minas. Não se preocupe, não como carne desde criança. Não gosto e não me faz a menor falta.


A cultura é diferente, porém muito interessante. A maioria das pessoas são de descendência polonesa ou ucraniana, sendo a cultura ucraniana dominante na família do meu amor. Fomos à missa em ucraino, como eles dizem aqui. A missa segue um rito lindo e completamente diferente do rito católico-português. Eles rezam em ucraniano e promovem um verdadeiro espetáculo cultural. O padre merece uma atenção especial. A roupa que ele veste é maravilhosa, parece daqueles santos chiques e bem vestidos. Até o cabelo do padre é daquele bem liso com corte tipo cuia. É muito legal e interessante. A comunhão é dada diretamente na boca do cristão e a hóstia é embebida em vinho.


Muito sossego, nada de sinal de celular ou internet de qualquer tipo. São vinte dias completamente mergulhados na calma e tranquilidade. A volta para casa também foi bem tranquila, graças a Deus! Nosso GPS é um escândalo de tão prestativo. Ele nos manda por alguns atalhos com estradas de terra, mas isso é o de menos. Paramos num hotelzinho bem bonitinho em Pirassununga – SP. O hotel tinha um monte de coelhinhos de várias cores brincando no estacionamento. O quarto tinha internet sem fio e um ventilador de teto que ventava bem pouquinho, fato que o circulador de ar resolveu. Voltamos para casa, depois de cansativas horas dentro do carro e a emoção foi bem grande. Saudade de tudo: da minha mãe, meu pai, meu irmão, da minha casa, do meu quarto, do meu banheiro, da minha vida que ficou parada no tempo por esses deliciosos vinte dias. É sempre bom viajar, mas é melhor ainda voltar pra casa. Dá um gostinho bom de que tudo sempre vale a pena.




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