18 de março de 2010

Bate e volta






A menina que trabalha comigo faz umas bolas com aqueles elásticos que a gente usa pra prender dinheiro, cartazes... aqueles que o Jamelão usava sempre nos dedos... Nem sei se ele usava desses elásticos mesmo... os dele eram coloridos: cores da Mangueira. Mas não divaguemos: o assunto aqui é outro.

Outro dia me sentei na mesa dela enquanto a técnica de informática formatava o meu computador e vi a tal bolinha de elásticos. Curioso que sou, peguei a bolinha e fiquei apertando. Era firme e não se desfez toda na minha mão como eu pensei que aconteceria. Nesse momento, a dona da bolinha chegou e, doce como sempre, me mostrou que a bolinha podia ser jogada no chão. Fiquei surpreso porque a bolinha bateu no chão e voltou pra mão dela. Pedi para tentar também e deu certo! O meu arremesso voltou até mais forte, haja vista que joguei a bolinha com bastante vontade. Estava meio angustiado aquele dia.

Como é de costume, fiquei algum tempo parado, olhando pra bolinha e divagando sobre as questões que a vida nos apresenta. É uma prova de fogo diária! Somos arremessados e ficamos angustiados para saber se voltaremos, se seremos mais intensos, se seremos mais serenos. O que é certo é que na maioria das vezes nós voltamos. Claro que vai chegar o dia em que a nossa bolinha ficará no chão, mas não vamos falar disso. Essa é uma certeza que temos: um dia nosso impulso não terá forças para subir e quando esse dia chegar não adianta choros incandescentes e complacentes. Queremos reconhecimento do que foi feito e, acima de tudo, justiça ao que fomos nesse período.

Tenho preguiça de pensar em reencarnação. Já achei legal pensar nisso. Sou cristão, católico. Fui coroinha e até catequista. Creio em Deus acima de todas as coisas. Mas ultimamente tenho tido preguiça de pensar que eu teria que viver mais uma vida depois dessa. E outra. E talvez mais outra. Dá muito trabalho viver e ser gente.

Vai saber, né? Nesse bate e volta, quem somos nós pra decidir o que é bom ou ruim? Somos lançados e não sabemos o que vai acontecer no percurso. Acredito que nem seja bom saber. E acredito além: penso que não devemos saber! Temos que parar com essa mania de querer saber-fazer-acontecer. A vida é surpresa!



Surpreenda-se!



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