11 de março de 2010

Orkuticídio





Essa ideia não saía da minha cabeça. Foram meses, dias, horas, minutos, segunds e milésimos de segundos refletindo se devia ou não remover o Orkut da minha conta do Google. Deu bastante trabalho tentar fazer isso. Rolou toda uma conversa (rápida, mas rolou), todo um entendimento do que aquilo significava pra mim, o que aquilo me acrescenta e o que pode me trazer de bom. O que o Orkut tinha de bom a me oferecer ele já ofereceu - o amor da minha vida!


A história do nosso encontro é bem bonita e atual. Atual até demais para a minha concepção barroca e renascentista, mas se o amor da minha vida precisava aparecer via internet, o que poderia eu fazer para lutar contra isso? Lógico que eu preferia tê-lo conhecido à beira de um lago bem bonito, com um pôr-do-sol bem alaranjado (do jeito que ele gosta). Lógico que eu preferia ter flertado por algumas semanas com ele até finalmente eu conseguir me declarar (porque eu sou lento). E é fato que eu preferia ser um velho conhecido dele, daquele tipo de amor infantil, que se conhece desde que nasceu e que sempre sonhou com o dia em que ele me daria uma chance. Porém, a vida não é um conto de fadas e nem o que temos nas redes sociais. O Orkut me proporcionou esse encontro. Um encontro que já estava marcado em nossos destinos (no meu e no dele, subentende-se, né?) e escrito nas estrelas (tá, eu sei que ficou piegas, mas eu sou assim). Enfim, nos conhecemos pelo Orkut (eu o vi numa comunidade bem lindinha) e nos apaixonamos logo de cara (pelo menos, no meu caso, foi amor a primeira vista). Consumamos o ato e somos felizes.

Eu tento fazer do nosso amor um eterno apaixonar-se. Todos os dias eu me apaixono de novo. Parece um pouco com um filme que eu gosto bem bastante e que eu recomendo - Como se fosse a primeira vez. Choro oceanos quando o Adam Sandler diz pra ex-pantera (que agora me fugiu o nome) que ele está disposto a apaixonar-se por ela todos os dias como se fosse a primeira vez. Me derreto todo quando ele diz que o que ele mais quer na vida é reconquistá-la todos os dias. Confesso que da forma como acontece no filme (ela perde a memória sobre o que viveu a cada dia) seria meio complicado, mas o amor é um sentimento tão estranho, tão sem explicação, tão non sense, que a mulher esquecia de tudo, só não esquecia do homem que ela amava. É lindo e vale a pena assistir. Pra mim é um dos melhores filmes. Tão bom quanto o Mamma Mia, que o Rodrigo me apresentou e que eu amei e que eu baixei a música aqui (com a Meryl Streep e suas Dynamos cantando) porque eu tava morrendo de vontade de escutar. A música tá no repeat desde que eu baixei há cinco minutos. É outro filme que recomendo. Fala do amor puro, das mancadas adolescentes e de sentimentos que não se definiram numa época para se fortalecer no futuro mais que presente. Sem contar o relacionamento-amor de mãe e filha. É lindo e vale a pena assistir também.

Bem, não pense que perdi o foco ou me desvirtuei do meu assunto. Tudo o que eu disse está intrinsecamente relacionado a tudo o que eu vivo. A vida é uma colcha de retalhos, não é mesmo? Nela você tem um retalho de cetim vermelho maravilhoso, um pedaço de seda incrível que você queria ter até uma linda camisa dele, um pedaço de lã bem quentinha, um pedaço de algodão pra acariciar, um pedaço de jeans pra se coçar, entre outros. O fato é que nessa colcha também haverão pedaços que estão defeituosos, com alguns rasgadinhos, alguns furinhos feitos por traças, um buraquinho que alguma criança fez ou alguns arranhões feitos pelo gato. O caso é que nessa colcha de retalhos cabe de tudo, o importante é que ela aqueça, acolha, dê carinho e te reconquiste a todo momento que você olhar para ela. É importante que ela esteja sempre pronta para te receber, sempre alerta, sempre disposta e sempre do jeito que ela é - com imperfeições. Graças a Deus! Com imperfeições, defeitos, atritos e outros tantos. Isso é parte essencial na vida retalhada e amarrada pelas mãos do Criador.

"You come in to look for a king
Anybody could be that guy
Night is young and the music's high
With a bit of rock music, everything is fine
You're in the mood for a dance
And when you get the chance... You are the Dancing Queen, young and sweet..."


Honestamente falando: eu tive um momento de fraqueza. Confesso. Quis entregar os pontos, desistir do jogo quando estava no limite das minhas forças, mas recuei. Recuei pelo amor que sinto e por ver que isso faria sofrer a pessoa que eu mais amo nesse mundão de meu Deus. Foi por ele que eu continuei, é por ele que eu continuo e o sobre o futuro eu não falo porque não sou a Mãe Dinah. Acho que o Orkut deve algum agradecimento ao Rodrigo por não ter perdido uma conta tão antiga (como ele próprio insistiu em enfatizar no formulário para deletar a conta). Foi quase um parto, um cancelamento de cartão de crédito ou algo parecido. O Orkut é insistente, mas eu não sou bobo. Não fiz aqueles anúncios que as pessoas costumam fazer quando vão excluir a conta, não disse para ninguém que faria isso, exceto para o meu amor. Tudo eu compartilho com ele e não minto. Pode até doer, causar incômodo ou repulsa, mas eu conto absolutamente tudo o que me acontece. Acho importante. Seja sincero comigo e você não precisará se preocupar com nada, não lamentará nada e não terá que se justificar.

Dizem que a beleza está nos olhos de quem vê e eu não vejo mais isso nessa rede social. Acho que ela está precisando me reconquistar, porque só tenho tido encheção de saco com ela. E eu não vou ficar sofrendo à toa. Eu já tenho muitos problemas para me preocupar na vida, que é real e não virtual. Acredito que tudo precisa ser cultivado, reconquistado. Não deve ter nada melhor do que receber uma rosa bem vermelha num dia em que tudo deu quase errado, encontrar um bombom ou uma bala num lugar inesperado, um bilhetinho no bolso da calça ou um beijinho carinhoso quando menos se espera. Declarações de amor são boas de se ouvir e todo ser humano (pelo menos os librianos) precisam disso. Todos precisamos sentir o amor. Sentir no sentido mais intenso e gostoso da vida. Todos precisam perder o fôlego com um carinho no pescoço e na orelha enquanto o outro joga o peso do seu corpo em cima do outro corpo que, ressequido de desejo, suspira em busca de um paraíso que existe, basta tentar.





"See that girl, watch that scene, dig in the Dancing Queen" - Assistam o trecho-musical do filme aqui!




Um beijo pra quem eu quero reconquistar todos os dias, como se fosse a primeira vez.


Um comentário:

  1. O Orkut deixou de dar prazer em encontrar pessoas e proporciona hoje uma ressaca desnecessária. Faz um mês que cometi meu 3º Orkuticídio e me sinto bem com isso(pareceu aqueles depoimentos do AA agora). Mas a sensação de liberdade e de uma possível privacidade compensa bem mais. Fiz amizades incríveis por lá, aliás as melhores até hoje, mas tudo tem o seu fim. E que venha a próxima rede capaz de me encantar tal como foi o Orkut em 2004.

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